sexta-feira, 22 de abril de 2011

Mistérios - Feliz Pascoa

Mistérios - Feliz Pascoa

Sentado no degrau da escada
olho as portas da vida:
em frente
uma janela debruçada nas sensações
de uma primavera palpitante;
à esquerda
um caminho que conduz aos mistérios;
à direita
o filho de Deus feito homem.

Alberto Luís-2011 in “Poemas”

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Bones

Bones

A solidão entranha-se nos ossos
deste velho cão
vadio.
Somos cães vadios
e o mundo não nos merece.
Também não o merecemos.
Estamos quites.
A vida rasgou as avenidas
e as ruelas pardacentas,
já não tem o brilho de outrora.
Morremos de solidão.
As pernas vão-se abaixo como traves ressequidas.
Morremos aos poucos,
pouco a pouco,
antes de a morte nos bater à porta.


A.Pachê/2011/ a charles bukowski

domingo, 26 de dezembro de 2010

Natal(o menino Jesus não tem culpa)

Natal(o menino Jesus não tem culpa)

No natal, sobretudo no natal
surgem de todos os lados fariseus travestidos.
Apregoam resmas de produtos supérfluos
como se deles necessitássemos para sobreviver.
Vende-se de tudo: felicidade, amor, saúde…
Oferecem-nos o céu
em todos os formatos
e com prazo alargado.
Chegam de todos os sítios
e em todas as línguas: é uma blasfémia.
Lembram-se de tudo e de todos
para branquearem a consciência até ao próximo ano.
Pedem, pedem
e voltam a pedir
para todas as causas sem causa nenhuma.

A.Luís

sábado, 18 de dezembro de 2010

Vejo o mundo passar como quem sente

Vamos para o mundo sem objectivo
num universo austero e fugidio
Olhos postos no vazio de algum lugar, sem fulgor
sem felicidade. Andamos apressados
ou andamos simplesmente como quem passa
Andar como quem sente, pensar como quem vive, só por viver
Vejo o mundo passar como quem sente, só por sentir
Sou eu, ou simplesmente sou, só por pensar
E quando por entre a multidão percorro o mundo
vejo que apenas existo na distância de um passo à minha frente.

Neno-6-12-2010

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

CORRE O VENTO NA SEARA

CORRE O VENTO NA SEARA



Venho correr a ignomínia nos pontapés da Lei
- A ignorância na escola da vida
- O poder na miséria que posterga e fede
- O agiota na vida superficial das certezas absolutas
- A opulência na dignidade da pobreza
- A falência das fábricas
na abertura de workshops de poetas subversivos
- O desemprego em ateliers de trabalho libertário.
Corre o vento na seara aberta à Luz:
versos de amor a chamar a Liberdade.


A.Luís

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

as 1001 maneiras de trabalhar a terra

o fogo incendiou a alma
ao lançar a semente à terra
o sol assou as searas
o vento destruiu a casa
a peste assolou a cidade
o lavrador sentiu-se humilhado

as lágrimas doeram na face
as águas semearam tristezas
as árvores tombaram de raiva
as mães gritaram de dor
os campos não floriram como dantes
o lavrador sentiu-se humilhado

amanhã é outro dia

Alberto Luís-2010

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Esquecera as palavras

Esquecera as palavras

Há vozes que se vazam do meu peito
e percorrem as enseadas do teu corpo:
são beijos e abraços infinitos, de um olhar
de sede e de desejo.
Cubro-te com abraços – um amor sem limites.
Há vozes que entram no teu corpo:
regatos que deslizam dos meus olhos,
numa torrente de beijos e suspiros.
Perdemo-nos no tempo.
A tarde esconde-se no horizonte.

Neno1030

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Os Burros

Amo as marionetas,
os palhaços
e os burros.
Amo também os poetas,
os filósofos
e os utópicos.
Adoro o sonho.
Tudo não passa de nada.

neno 7220

Que venha a Primavera

A natureza traz consigo a sedução.
Traz o amor e traz a graça.
A beleza entrou em molhes de justiça.
Que venha pouco a pouco a primavera
e aspirja de amor os corações.

Neno3230

terça-feira, 27 de abril de 2010

Pôr-do-sol

Pôr-do-sol

Sabes
hoje és apenas a criança
que brincava ao pôr-do-sol
quando as aves recolhiam aos seus ninhos
e a noite caía devagar.

neno/Alberto Luís/ Alberto Páchê

sexta-feira, 16 de abril de 2010

a vida é uma caneca de café a ferver

a vida é uma caneca de café...

brincava com as palavras, num
olhar de caneca de café sentada
à minha frente, enquanto fumava
um cigarro em forma de mortalha.
a vida é um pedaço de pão, deixado
ao acaso em cima de uma mesa de
café. a vida não se compadece com
olhares sem-abrigo. tinha eu a idade
dos meus pais quando se casaram
numa capelinha esquecida
no interior
de portugal. tudo me serve de lembrança, até eu.

a.páchê 1140

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Urgência

Urgência

Não sei o que digo, muito menos o que escrevo,
mas escrevo, tenho urgência em escrever,
para te dizer que te amo,
ou talvez mesmo para to dizer.



A.P 6040

quarta-feira, 31 de março de 2010

A espera

Era noite de breu
na minha alma - abismo.
Não venhas tarde
que(cá)te espero
antes
que
morra
à tua
espera.

Alberto Páchê/3230

sábado, 27 de março de 2010

O Mar

O MAR

O Homem
derramará lágrimas de sangue,
quando o mar galgar muros e falésias
ceifando vidas e haveres.
Tenho medo da verdade das palavras.
A civilização perdida no desencanto
de gestos imprudentes:de gestos sem razão.
Olha como tudo muda à nossa volta,
olha como tudo muda à nossa volta.

neno"Apocalípticos"

terça-feira, 23 de março de 2010

Como a neve

Como a neve


Fiz cálculos e riscos nas paredes do
espaço para encontrar a tua alma alada
em fuga sobre o solo manchado de sonhos
e delírios. Vivo no labirinto da procura.
Vivo na imensidão de repousos e cansaços.
E a tarde vai caindo de mansinho como a neve.
Vamos sonhar para que este dia nos transmute
em flocos de neve - doces e leves como o ar.
Vamos voar como pássaros e abraçar
as brancas nuvens do Céu.


neno